A cidade de Maceió está vivendo momentos de tensão devido à iminente possibilidade de colapso em uma das minas de sal-gema exploradas pela petroquímica Braskem no bairro do Mustange. No último dia 29 de novembro, a prefeitura da capital alagoana decretou situação de emergência diante da ameaça iminente, o que causa grande preocupação entre os moradores da região.
Essa situação é apenas mais um capítulo de uma história que se arrasta desde 2018, quando foram registrados afundamentos em cinco bairros. Estima-se que cerca de 60 mil residentes tiveram que se mudar do local e deixar para trás seus imóveis.
A Defesa Civil de Maceió detectou o risco de colapso devido ao avanço no afundamento do solo em uma das 35 minas de responsabilidade da Braskem. A petroquímica confirma a possibilidade de um grande desabamento da área, que teria potencial para abrir uma cratera maior que o estádio do Maracanã. As consequências desse possível colapso ainda são incertas, e o governo federal está acompanhando de perto a situação.
O sal-gema, diferente do sal comum encontrado no oceano, é uma matéria-prima versátil para a indústria química, sendo empregado na produção de inúmeros produtos, como soda cáustica, ácido clorídrico, bicarbonato de sódio, sabão, detergente, pasta de dente e produtos farmacêuticos.
Inicialmente, a exploração em Maceió se voltou para a produção de dicloroetano, substância empregada na fabricação de PVC. A Braskem se tornou a maior produtora de PVC do continente americano desde que inaugurou uma unidade industrial na cidade de Marechal Deodoro, vizinha a Maceió, em 2012. Outras indústrias, como a de celulose e de vidro, também empregam o sal-gema em seus processos.
A exploração das minas em Maceió teve início em 1976 e vem sendo monitorada pela Agência Nacional de Mineração. No mercado internacional, o Brasil é um ator relevante na produção de sal-gema, com 7 milhões de toneladas em 2002. Atualmente, a Braskem desenvolve atividades não apenas no Brasil, mas também em outros países como Estados Unidos, México e Alemanha.
Os problemas em Maceió começaram com vazamentos da solução utilizada na exploração das minas, deixando buracos na camada de sal e levando a afundamentos nos cinco bairros. Diante desse cenário, a Braskem anunciou o fim da exploração das minas em maio de 2019 e já pagou R$ 3,7 bilhões em indenizações e auxílios financeiros para moradores e comerciantes afetados. A situação também é discutida em ações movidas pelo Ministério Público Federal.
A comunidade local segue vivendo sob tensão e aguarda ansiosamente por medidas que possam mitigar os riscos de um colapso iminente. Enquanto isso, autoridades e especialistas continuam acompanhando de perto a situação para garantir a segurança dos moradores de Maceió.
