Vídeos no TikTok sobre carta de Osama bin Laden levantam questões sobre polarização e conhecimento histórico dos jovens.

TikTok se torna palco de vídeos em que jovens admiram carta do líder da al-Qaeda

Esta semana, a plataforma de vídeos curtos TikTok viu surgir uma nova temática inusitada: vídeos com jovens que agora admiram uma carta do líder da al-Qaeda, Osama bin Laden. A carta é uma tentativa do terrorista de justificar seus atos, especialmente os ataques de 11 de Setembro de 2001 nos EUA. A repercussão foi tanta que o jornal Guardian, que havia publicado a carta em 2002, apagou o texto pouco depois de sua divulgação novamente.

Pessoas que assistem aos vídeos destacam a “bem escrita” e “bem estruturada” carta, e afirmam que a leitura lhes causou “crises existenciais”. Muitos ainda disseram que o texto lhes “abriu os olhos” para as ideias do líder terrorista.

A carta defende o genocídio daqueles que não seguirem seus preceitos, além de usar argumentos antissemitas e acusar os EUA e seus aliados de abusos. O conteúdo da carta ainda acendeu debates sobre o viés pró-Israel na imprensa profissional e a censura em universidades americanas.

Especialistas apontam que o ressurgimento da carta pode ser parte do contexto inflamado e do debate intenso e sensível sobre o tema da guerra em Gaza nos EUA. Segundo eles, até o momento, não há sinais de uma tentativa deliberada de reabilitação de Osama bin Laden em curso por parte de extremistas.

Muitos usuários que promovem a carta estão nos EUA e têm conhecimento sobre o 11 de Setembro apenas por relatos de pais e de parentes, livros de História e, na maior parte do tempo, da internet. Eles foram chamados de consumidores críticos da grande mídia, mas consomem a carta de forma acrítica.

A viralização dos vídeos levanta a questão: esse foi um fenômeno espontâneo ou algo orquestrado? Especialistas acreditam na primeira hipótese. Em uma entrevista ao Washington Post, um diretor de pesquisa afirmou que, com algumas exceções, os usuários estão divulgando apenas trechos da carta de Bin Laden, especialmente relacionados à Palestina, e não o texto por completo.

Porém, é importante considerar que a situação pode se tornar ainda mais polarizada, já que a maioria dos usuários que promovem a carta está nos EUA, onde o debate sobre a guerra em Gaza é intenso. A carta de Bin Laden pode ser a mais nova adição a essa polarização, e sua ressurreição pode refletir o contexto inflamado que a cerca. Porém, especialistas acreditam que não há um esforço deliberado de reabilitação de Osama bin Laden em andamento.

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